domingo, 20 de janeiro de 2013

O ESPORTE COMEÇA NA ESCOLA


Quando se discute a formação de atletas de elite, não se pode ignorar o início de tudo. Entre quem milita no esporte é quase unânime a opinião de que o processo deveria começar onde está a maioria dos potencias futuros Cielos, Murers e Bolts da vida: a escola. Mas logo no primeiro degrau da escada que pode levar a nação a se tornar uma potência nos esportes, o Brasil tropeça.
A escola é o primeiro espaço de contato com as atividades esportivas da criança.
Treinador do time de vôlei feminino do Sport que revelou, entre outros nomes, a medalhista olímpica Márcia Fu, André Muzzi até hoje trabalha com a iniciação e formação de atletas. Para ele, a falta de uma introdução eficiente às modalidades na escola tem atrasado o desenvolvimento das jogadoras. "Antigamente, havia mais atividade natural para os mais jovens. Hoje é de casa para o colégio e do colégio para casa, de carro. Assim, como não há uma cultura de esporte escolar desenvolvida no país, a introdução aos esportes é prejudicada, e a tendência é que o desenvolvimento motor desse indivíduo seja retardado. Atletas que antes formávamos em três, quatro anos, hoje estamos levando oito, dez. Elas praticamente só se movimentam nos treinos", identifica.
Vice-diretor da Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid) da UFJF, Maurício Bara também considera a escola o lugar propício para a iniciação esportiva, mas aponta as principais falhas desse sistema. "Não há outro ambiente onde a criança passe 15, 16 anos de sua vida. Assim, a escola seria o local ideal para o desenvolvimento esportivo de todos. Mas, infelizmente, maioria das instituições de ensino não tem uma estrutura mínima de vivência de diversas modalidades e acaba se limitando. Além disso, as próprias escolas não dão importância ao esporte."
Em busca da mudança
Mesmo lidando com esses obstáculos, profissionais da rede pública de ensino levam à frente sua intenção de trabalhar a iniciação esportiva. "O maior problema é estrutural, ou seja, uma quadra ou espaço físico bom, material esportivo, essas coisas. Há locais nos quais não existe nem área adequada para se realizar um trabalho desses", relata o professor de educação física e técnico de futsal da Escola Estadual Sebastião Patrus de Souza, Tarcísio Mayer. "A situação só vai mudar quando se constituírem políticas públicas de incentivo na base da pirâmide, com investimento em equipamentos e também preparação de pessoal para trabalhar a iniciação e formação esportivas de qualidade nas escolas públicas", completa.
A maioria das crianças da classe baixa ainda levam o esporte como passatempo. A falta de espaços para a prática de atividades esportivas, de lazer e recreação, levam muitos jovens ao caminho da ociosidade e, consequentemente, das drogas. 


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