Por volta do ano 1000, os
índios tapuias que habitavam a região foram expulsos para o interior do continente devido à chegada de povos tupis procedentes da Amazônia. No século XVI, quando chegaram os primeiros europeus à região, a mesma era habitada por um desses povos tupis: o dos caetés.
A colonização europeia de Ipojuca teve início em
1560, após a escravização dos índios caetés.
A partir daí, os colonos de origem europeia puderam ocupar as terras
férteis e ricas em massapê de Ipojuca. As terras eram bastante propícias
para o cultivo da cana-de-açúcar,
o que causou um rápido surgimento de diversos engenhos na região. Entre
os pioneiros, estavam as famílias Lacerda, Cavalcanti, Rolim e Moura.
Os holandeses desembarcaram em 1630 em Pernambuco, ao norte de Olinda, em uma
praia, hoje conhecida pelo nome de Pau Amarelo. Daí chegaram pelas margens do
mar até Olinda, depois ao Recife.
Quando os holandeses invadiram Pernambuco, no século XVII, já havia
diversos engenhos estabelecidos na região. Este local participou da
resistência aos holandeses, sob a liderança do capitão-mor Amador de
Araújo, em uma luta iniciada em 17 de julho de 1645. A derrota holandesa
deu-se em 23 de julho de 1645.
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Batalha dos Guararapes. |
Dessa forma, Ipojuca consolidou-se como uma das mais importantes regiões do
sistema colonial. Com dois portos - Suape e Porto de Galinhas - além da maior várzea de massapê do Nordeste, Ipojuca fazia parte do comércio colonial triangular. Porto de Galinhas ganhou esse nome porque era assim que eram comumente chamados os escravos chegados da África, naquele período.
O distrito de Ipojuca foi criado pela lei municipal 2, de
12 de novembro de 1895. A vila surgiu com sede na povoação de Nossa Senhora do Ó e, depois foi transferida para a povoação de São Miguel de Ipojuca.
Com o decreto estadual 23, de
4 de outubro de 1890,
a sede foi restabelecida em Nossa Senhora do Ó. Há inúmeras
controvérsias sobre a data de fundação de Ipojuca, mas, segundo um
vigário da freguesia, seria no ano de 1596.
O nome do município é uma referência ao
Rio Ipojuca, que banha seu território.
Amador
de Araújo Pereira – Natural da Província do
Minho/PT. Filho de Pedro Gonçalves, o Novo, e de D. Felipa de Araújo Pereira.
Segundo Borges da Fonseca, Amador era parente próximo da Casa de Esquivo, de D.
Miguel de Azevedo e de Luiz de Miranda Pereira, mantendo sempre contato com
eles, como foi provador nas cartas conservadas pelos seus descendentes. Chegou
a Pernambuco antes da invasão holandesa.Um dos primeiros Cabos de Guerra que
participou da Restauração Pernambucana. Capitão-mor de Ipojuca, quando Fernandes Vieira em 1645 aclamou a
liberdade. Pelos seus serviços foi nomeador por Governador de São Thomé, posto
que não logrou por falecer antes de embarcar.
Nota: Sobre Amador de Araújo os
autores da história holandesa fazem honorífica memória.
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Monograma representa a Geoctroyeerde West-Indische Compagnie (Companhia Privilegiada das Índias Ocidentais) |
Curiosidades:
mador de Araújo participou como representante de Ipojuca, em 27/08/1640, de uma
Assembleia de conteúdo democrático, convocada pelo Conde Maurício de Nassau, que
queria sentir a opinião de seus jurisdicionados, juntamente com outros
proprietários de engenhos representando suas freguesias: Gaspar Dias Ferreira,
a cidade Maurícia; Arnau de Holanda, S. Lourenço; João Fernandes Vieira, a
Várzea; Manuel Paes, o Cabo; F. Fernandes Araújo, Serinhaém; Antonio Bulhões,
Jaboatão; Fernão do Vale, Muribeca; Gonçalo Novo de Lira, Igarassú; Rui Vaz
Pinto, Itamaracá; Antonio Pinto de Mendonça, a Paraíba e Francisco Rabelo,
Porto Calvo.
Durante a ocupação holandesa
ficou do lado dos invasores, mas depois se levantou contra aprisionando os
neerlandeses da freguesia de Ipojuca (17/07/1645), pô-los a ferros e meteu-os
no convento de S. Francisco. As hostilidades propriamente ditas começaram com o
aprisionamento, pelos rebeldes, de Ipojuca, de dois barcos e seus passageiros
que foram executados à exceção de um marinheiro, que teve a boa sorte de
conseguir fugir. No dia 18, Amador de Araújo reuniu em torno de 400 homens, no
seu engenho, e começou a fazer armazenamento e a se prover de armamento.
Em 21/07/1645 o Tenente holandês
Jacob Flemmingh seguiu de Santo Antonio do Cabo (Cabo de Santo Agostinho) com
30 soldados e 12 de cavalo, para saber de Amador de Araújo o que queriam os
revoltosos, porque tomaram armas, em nome de quem, e contra quem? Foi-lhe
respondido que de si mesmos se puseram em armas contra os flamengos, sob cuja
tirania o povo não mais queria viver. No mesmo dia chegou do Recife o
Tenente-Coronel e Chefe da Milícia no Brasil, Hendrick van Hous, levando
consigo 400 homens, a saber: 200 brancos e 200 indígenas; e em Santo Antônio do
Cabo recebeu o reforço de 80 soldados e 22 paisanos montados. Na manhã do dia 23, chegou ao eng. Tabatinga,
posto avançado dos rebeldes, onde foram recebidos com muito fogo, os derrotando
completamente. Os holandeses se puseram em retirada, e se esconderam na capela
do engenho, onde degolaram o Pe. Sebastião Rodrigues, depois de rezada a missa,
e um sapateiro. Quando os rebeldes os encontraram, alguns holandeses estavam
vestidos de mulher. Em seguida, o
capitão-mor Amador de Araújo e sua tropa marcharam até a Várzea, a fim de se
juntar às forças deFernandes Vieira. Posteriormente, tomaram parte no combate
de Tabocas.
Senhor
do engenho Tabatinga de Santa Luzia/Ipojuca
Casamento 01, em Ipojuca: Maria da Costa de Luna, filha de Álvaro Gonçalves de Luna e de
Isabel da Costa.
Filhos:
Maneol de Araújo de Miranda, Capitão na guerra contra os holandeses. Faleceu na
segunda guerra dos Guararapes. Segundo marido D. Lourença Correia (casou 3
vezes), filha de Luís de Paiva Barbosa e de Isabel Correia. Irmã de João
Correia Barbosa que foi Cavaleiro da Ordem de Cristo e Capitão-mor de Ipojuca.
Com sucessão9
Bernardino de Araujo Pereira, Capitão de
Cavalos de Ipojuca, patente de 12 /03/1666. Vereador em 1668.
Irmão da Misericórdia de Olinda, termo assinado em 01/11/1664. C.c. Úrsula Cavalcanti de Albuquerque, filha de
Pedro Cavalcanti de Albuquerque, Fidalgo da Casa Real e Cavaleiro da Ordem de
Cristo e de Brásia Monteiro Bezerra. Com sucessão.
Fontes consultadas:
Broeck, 1651. Pg. 8-9, relatando
eventos do ano de 1645
MELLO, José Antônio Gonçalves de,
A Economia Açucareira, I, 2.ª edição, Recife, 2004
SCHOTT, Willen. Inventário de
Todos os Engenhos Situados entre o Rio das Jangadas e o Rio Una, em Pernambuco
(1636)
biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/pernambuco/ipojuca.pdf
BORGES DA FONSECA, Antônio José
Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais da Biblioteca Nacional. 1925 e
1926.