sexta-feira, 6 de setembro de 2013

...E SE FOSSE SEU FILHO?

Há algum tempo vimos tentando falar sobre a grande problemática do Trabalho Infantil. Existem algumas barreiras a serem derrubadas e, sobretudo, mudar a cultura de que "criança tem que trabalhar". Para chamarmos a atenção sobre o tema, criamos o blog "TRABALHO NÃO É BRINCADEIRA" (www.trabalhonaoebrincadeira.blogspot.com) onde publicamos matérias e mostramos situações onde o menor de 14 anos tem que passar.
 
Em Ipojuca não é diferente. Nesta sexta-feira (06/09), véspera de feriado da independência, vi algumas situações que são alarmantes na feira livre de nossa cidade. Meninos de 13, 12 e 11 anos realizando atividades de auto esforço em plena rua, onde as pessoas passam fazendo as suas compras. Abaixo irei apresentar três situações (de três meninos) que observei neste dia. Não publicarei imagens ou informarei os seus nomes, mas falarei o quanto esses meninos (e outros) têm que trabalhar para manter um pequeno valor semanal.
 
1º Caso: Lá pelas 10:00 horas, vi um menino de pelo menos 13 anos de idade (era o que aparentava) sentado no meio fio da calçada e com um olhar meio perdido, quando o seu carro de mão estava parado cheio de mercadoria de alguém que pediu para que levasse em sua casa. O se olhar não era de pensamento sobre o quanto ele iria ganhar com essa viagem, mas um olhar de que queria que o dia passasse logo. Para quem não conhece a cidade de Ipojuca, a cidade é repleta de ladeiras intermináveis. Um sobe e desce sem fim. Imagina um menino de 12, 13 anos de idade, subir essas ladeiras com o seu carro de mão lotado de mercadorias. Esse menino para várias vezes para descansar até chegar ao seu destino.
 
2º Caso: Esse outro caso, talvez seja o mais alarmante de todos. É o caso de um "galeguinho" (loiro) de uns 9 a 10 anos e idade. Ele estava sentado no chão da rua, separando pequenos pedaços de macaxeira (aipim) o seu corpo era franzino e pelo horário (em torno das 11:30 ou 12:00 horas) ainda não havia almoçado. O mais curioso de tudo era que ninguém o percebia, talvez pela sua pequena estatura. Não entendo como pessoas podem dar tanta responsabilidade a um ser tão pequeno, que poderia estar brincando e aproveitando a sua infância.
 
3º Caso: Esse terceiro e último caso, é de superação. É a história de um garoto de 12 anos de idade que chega à feira livre de Ipojuca muito cedo, por volta das 06:30 horas. Esse menino leva "frete" (transporta compras feitas no supermercado). Ele também sobe e desce as ladeiras de Ipojuca sem nenhuma cerimônia. Os adultos muitas vezes não pagam o que ele cobra (algo em torno de R$ 5,00 ou R$ 6,00) dependendo para onde vai as compras. Quando almoça, com certeza não é nenhuma almoço comercial (feijão, arroz e carne), come aquilo que o dinheiro dá para comprar: coxinha, pastel. E lá pelas 17:00 horas, vai para casa, talvez com R$ 20, ou R$ 30,00 para entregar a sua mãe. Há, eu esqueci de falar; esse garoto mora no Engenho Conceição Nova, que tem uma distância em torno de 2 km, e vai e vem a pé com a sua ferramenta de trabalho: o seu carro de mão. 

Imagens do interior da Bahia, onde o trabalho infantil é aceito livremente, igualmente a Ipojuca.
 
 
Não temos nenhuma politica contra o trabalho infantil urbano em nossa cidade. Estaremos formando uma comissão para apresentar na Secretaria de Assistência Social de Ipojuca para buscarmos soluções para o caso. Infelizmente para combater o Trabalho Infantil não é fácil. Não basta apenas tirar o menino do trabalho de alto esforço, mas encaminhá-lo para programas sociais que o apoiem. Ele e sua família. Além, é claro, de convencer seus familiares que isto que está acontecendo é um crime contra a infância e que todos nós temos uma parcela de culpa.   

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