"O esporte faz você evoluir como pessoa e muda seu jeito de pensar". É no que acredita Jackson dos Santos, 26, professor de educação física que teve sua vida transformada ao entrar em contato com o esporte.
Com o sonho de ser atleta, aos 14 anos, Jackson foi apresentado ao Núcleo São Luiz, do Instituto Esporte e Educação. O projeto promove atividades esportivas como forma de transformar a realidade dos jovens da periferia.
Morador do Jardim São Luís, bairro da zona sul de São Paulo, Jackson conciliava a sua rotina escolar, na Escola Municipal Prof. Lourenço Manoel Sparapam, com as atividades do núcleo.
"Gostava muito de vôlei. Era um dos alunos que mais exigia dos professores. Eu atrapalhava as aulas, brigava com quem não sabia jogar", conta. Além de treinar, Jackson também tinha a oportunidade de ensinar outros colegas. "Não importava meu desempenho ou comportamento durante as aulas, sempre fui incentivado a ensinar", conta.
Essa motivação foi fundamental para Jackson decidir qual carreira seguir. "Eu aprendi que o esporte tem vários aspectos, não só a competição. Poderia formar pessoas, capacitá-las e incentivá-las", afirma.
Depois de concluir o ensino médio, Jackson combinava suas atividades no núcleo com o trabalho em uma rede de fast-food, quando surgiu uma oportunidade. "Um professor sugeriu que eu fizesse um processo seletivo para cursar educação física", explica.
Aprovado no vestibular, Jackson continuou no Núcleo São Luiz, mas como professor. "Comecei a trabalhar lá para pagar a faculdade. Como professor, você deve ter outra cabeça. Eu me sinto como um auxiliador, eu ajudo os alunos e faço com que eles reflitam sobre o que estão fazendo", conta.
Ciclo
Hoje já formado, Jackson ensina os alunos de uma escola particular em São Paulo, mas não abre mão de ajudar os jovens do Núcleo São Luiz. "O esporte amplia o seu olhar para as coisas. Faz você se sentir capaz de evoluir", explica.
Assim como aconteceu com ele, Jackson conta que incentiva os estudantes a procurarem o ensino superior. "Infelizmente a gente não pode ajudar todo mundo, mas o menino que chega aqui, a gente tenta ajudar por meio do esporte. Incentivamos estes jovens para que eles se sintam capacitados a se educar e procurar uma faculdade até mesmo pública", conta.
E o resultado do trabalho é positivo. "Tenho 12 alunos que estão na faculdade", afirma. Segundo ele, os cursos não ficam restritos à área de esporte, os alunos também procuram cursos como marketing e recursos humanos. "O esporte ensina que não podemos ficar parados neste momento, a gente deve evoluir. Sempre podemos treinar e melhorar", conclui.
Hugo Araújo
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo