terça-feira, 30 de julho de 2013

QUANDO A CRIANÇA DEPRIME...

Na maior parte das situações, as perturbações depressivas estão relacionadas com um sentir de indisponibilidade por parte das figuras de referência; por um sentir de desinvestimento que acabou por condicionar a existência de falhas na construção de um EU seguro, com capacidade de iniciativa e confiante. Muitas vezes, este mal estar interno acaba por impedir a criança de aprender, gerando-lhe dificuldades de aprendizagem que, num ciclo vicioso, acabam por potencializar ainda mais o quadro depressivo, uma vez que aumentam o sentir de “não presto”.

Tal como uma bola de neve, a partir daqui é sempre a “puxar para baixo”... O sentir de não presto faz com que a criança desinvista da escola, se desmotive, e, reaja mal à frustração de não conseguir pois, esse não conseguir reforça a má imagem que tem de si e ninguém gosta de se sentir assim.

Estas crianças não são casos perdidos...Estas crianças apenas necessitam de sentir que são olhadas, contidas e investidas afetivamente.

Esse trabalho cabe, em contexto sala de aula, ao professor. 





Quando a criança percebe que alguém investe, ela vai querer agradar esse alguém porque sentir-se investida É BOM!

É certo que acabam por aprender mais por uma “colagem” ao professor, à figura que querem agradar, do que propriamente por um movimento autônomo ligado ao prazer de descobrir e conhecer mas, aprendem!

Sou uma forte defensora da necessidade de articular com os pais, ajuda-los, gerir com eles estratégias mas, tenho de admitir que, de fato, em algumas situações, os pais infelizmente não querem essa ajuda, nem estão sequer disponíveis para “querer saber”. É nestas situações que temos de ajudar a criança sem contar com os pais...Ajudá-las a perceber que elas existem...Existem e valem a pena!

Não é tarefa fácil pois, no meio da sua tristeza e insegurança, estas crianças podem , na sua ânsia de agradar e sentir que não o conseguem fazer (porque ninguém as ensinou a acreditar em si mesmas), optar pelo caminho mais complicado, exteriorizando o seu mal estar interior através do seu comportamento como a agitação e, por vezes, a agressividade e a necessidade de se afirmarem como “maus” e assim, ainda que pela negativa, conseguir o tal sentir de ser olhado, que tanto procuram.

Não são crianças problemáticas...São crianças que precisam reaprender a construção do seu EU...!

Fátima Poucochinho
Psicóloga Infanto Juvenil
Hospital Particular do Algarve - Alvor

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